Contagem Regressiva...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

FALTA 1 MÊS...

ou 30 dias, ou 4 semanas. Depende do ponto de vista.

Como hoje foi um dia morto, sem nenhuma atividade pra ser relatada, vou aproveitar e fazer um apanhado de umas coisas que estive pensando. Na verdade, quem me conhece sabe que eu penso demais, o tempo todo e sobre tudo e todos. Mas realmente tenho demorado mais a atenção em coisas que, é óbvio, só são perceptíveis quando se está longe. Hoje vou falar disso: as saudades que nunca imaginamos que teríamos. (No plural porque meu alter ego, no momento, me faz companhia, sentado de frente pra mim. Ele tá com sono, mas tá sempre ao meu lado...).
Em primeiro lugar, as saudades que são óbvias, mas que não calculávamos a dimensão: família e amigos. Clichê? Totalmente! Mas é a mais pura verdade. Posso falar todos os dias com as pessoas que amo. Vejo no skype, de vez em quando pode até acontecer um torpedo ou um telefonema, messenger, facebook. E nada disso é suficiente. A saudade é a do conviver. Do sentir perto. Do toque, da fala, da textura da voz, coisas que se perdem à distância. A convivência, saber o que todos estão fazendo, onde estão me esperando no final de semana. Tudo isso faz mais falta do que eu jamais poderia imaginar. É quase como se faltasse um pedaço. Mas o que é mais incrível: Estou me acostumando. É sempre um buraco vazio, mas com um pouco de boa vontade, dá pra conviver.
Agora, as saudades esquisitas. Se eu contar que tenho muitas saudades do cheiro do meu closet alguém acredita? E do suco de laranja que eu sempre tomei e nunca gostei? Sinto saudades do barulho dos meus pais chegando em casa de carro, sinto saudades do som do interfone, saudades do barulho da chave rodando na fechadura, anunciando a chegada do último que faltava pra podermos jantar. Saudades também de estar em casa, de pijama, à meia noite de uma sexta-feira e receber uma ligação pra um programa imperdível. Saudade dos amigos insistindo pra me arrastar pra algum lugar. E saudade de ir com eles, mesmo sem vontade, às vezes. Saudades da rotina dos meus sábados, de acordar invariavelmente de ressaca, tomar banho, almoçar tarde, ir pro EJC, sair pra comer alguma coisa e voltar pra casa pra me preparar pra encontrar todos os amigos de novo, agora à noite. Saudades dos meus domingos, também muitas vezes cumprimentados com ressaca, de acordar ouvindo o barulho da TV narrando fórmula 1. Saudade de acordar na casa do meu avô com o barulho dele fazendo esteira. Saudade da comida de domingo da vovó, de comer até passar mal com a família reunida. Saudades de brincar com meu priminho enquanto os pais dele almoçam. E de desmaiar no sofá pra acordar só na hora de ir à missa. Saudades de ir ao Jack ver Hocus Pocus cantando Beatles, programa de tantos domingos. Saudades de passar noites em claro simplesmente porque o papo na internet estava bom demais pra terminar. Saudades de estar em casa, quarta à tarde, sem saco pra nada, pegar minhas coisas e ir ao cinema, sozinha, ver três filmes de uma vez. Saudades de comer pipoca no cinema! E, acreditem, MUITA saudade de dirigir. Já sonhei várias vezes que estava dentro do carro, que não lembrava como passar as marchas, coisas do tipo. Nunca passei tanto tempo distante de um volante.
Por fim, as saudades que eu não deveria sentir: ouvir minha mãe me acordando ao meio dia quando perco a hora, muitas vezes aos gritos. Saudades da cara feia do meu pai quando eu resolvo sair e só aviso quando já estou com o pé na rua. Saudades de brigar com meus irmãos. Seja porque meu irmão é um engomadinho machista, seja porque minha irmã é uma folgada que quer minhas roupas. Saudade disso! Saudade de não ter nada melhor pra fazer do que deitar na rede pra esquentar no sol e acordar passando mal com dor de cabeça (tão frequente...). Saudades de brigar! Aqui não há esse tipo de coisa, não tenho intimidade com ninguém o suficiente pra sair gritando e bater umas portas! Tem coisa mais relaxante?
Sinto saudades de tudo. Pessoas, rotina, gestos, lugares, cheiros, cores e sabores. Mas sei, que daqui a um mês, estando em BH, sentirei saudades de Madrid, ainda que o cheiro daqui não seja dos melhores. Ah, e muita saudade do metrô, do restaurante chinês e de andar sozinha de madrugada sem perigo. Mas vou sobreviver.
Meu tempo começa a virar pó na ampulheta. Quem aguenta essa vida quantizada?

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