Contagem Regressiva...

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

GRAN FINALE - por [W]Alter Ego

Alguém ainda lembra de mim?

Espero que sim. Até porque eu ainda lembro muito bem de tempos vividos que nem são tão “idos” assim. Estou com eles na memória. E lembro com gratidão e carinho, além de muito orgulho, dos momentos que fui convidado a presenciar. Quem me convidou? A minha criadora, a mocinha que de garota virou mulher [aii, clichê no primeiro parágrafo?] numa viagem que significou tanto para ela quanto para mim. É engraçado falar da Constance sendo eu tão próximo, e obviamente parte muitíssimo interessada. Mas, é necessário cumprir algumas coisas, até porque pra tudo que ela protela, existe um salvador, quase sempre eu, o bom e velho [W]alter.

Para aqueles que acompanharam o blog ficou a impressão de que havia uma lacuna a ser preenchida. Uma viagem que tem começo e meio sem o final não fica completa. A viagem da Constance começou no dia 23 de Abril deste ano. Ano fundamental na vida da mocinha, e na minha, obviamente. Foram momentos de tensão no Aeroporto, perspectivas da mais variadas, um emaranhado de emoções, palpitações, ambições e alguns sermões na mamãe e do papai. Coisas como “juízo”, “estude”, “coma bem”, “durma bem” não faltaram. Mas, por mais complexa que seja uma sepração, ela se faz necessária em alguns momentos. Era a hora de deixar tudo pra trás, para crescer e sentir falta de tudo que é importante, e assim entender como funciona essa coisa de viver e amar aqueles que nos amam. Entramos no avião. Eu e ela. Sempre juntos, como viria a ser nos 91 dias poteriores. A viagem foi o primeiro grande momento de silêncio que tivemos. Não podia perturbá-la por nada. Não podia. Então silenciei nas longas horas sobre o mar. Ela, ouvia música. Chegamos em Madrid. Cidade que mudaria nós dois. Para sempre.

O espaço, este blog, foi uma ideia nossa. Como já tivemos muitas ao longo da vida. Eu e ela, ela e eu. Às vezes sem nem precisar abrir a boca, já entendemos o que queremos nos dizer. Então o primeiro post, aquele que inaugurou o singelo diário, nossa obra, foi no dia 25 de Abril. Neste dia, me lembro bem da Constance. Aflita, olhos abertos, querendo engolir por todos os poros todas as informações possíveis. A cidade era nova, o cheiro, o ar, as pessoas, o som, todos os nossos sentidos pulavam e se chocavam. Estávamos em ebulição. Fato que se repetiu inúmeras vezes, algumas delas até literalmente, dado o calor sufocante que sentimos em Madrid. Mas, então, o primeiro dia na rua. Uma segunda-feira. Já havíamos passado um domingo conhecendo gente. E inaugurando hábitos que se tornaram rotina, como ir ao Nebraska (restaurante que ela desdenhou durante toda a viagem), pegar moedas e telefonar para o Brasil. Ahhh...o Brasil.

Desconfio que a Constance sofreu um processo que também aconteceu comigo. Até porque [ela sou eu]. [Eu sou ela]. Quando vemos nossa casa com olhar de fora, tudo parece perfeito. E de fato é. Apenas o desgaste do dia-a-dia faz com que as coisas pareçam ser mais difíceis do que o são, de fato. Os brasileiros em geral, e aqueles que, específicamente, estão no coração dela [e no meu], são, sem precisar de prova material, seres de outro planeta. Como ela. E agora, eu me separo dela para fazer um elogio: a Constance é sensacional. Como eu estive com ela o tempo todo, posso dizer aos brasileiros [mineiros e não mineiros] que habitam o coração da moça: ela cativou o pequeno (grande) Mundo em que viveu nos 92 dias. Nada era feito sem a participação espirituosa da menina. O “alô”, ou alojamento, tinha na Constance uma figura ímpar. A Constance é ímpar, diga-se de passagem. Pra começar eu conheço inúmeras pessoas, mas Constance igual a essa [em que habito], só ela. A menina organizou passeios, desvendou cantos, os apresentou para vocês, nos deixou com água na boca [ela me matava quando decidia comer. Ela sabe fazer isso como poucos], levou um grupo para Paris. Sim! Porque ela fez a viagem. E virou mulher em Londres. Não em nenhum sentido besta, explícito, de bobagem sexual. Aliás, isso é um assunto que ela não fala nem comigo. No que está muito certa.

Muita gente diz que Paris é a cidade onde tudo muda. Pois a Paris da Constance, na verdade, é Londres. Ímpar até na hora de escolher a cidade preferida. Pois, foi em Londres que eu vi a mulher surgir. Descolada, dona de si, fez o que quis. Andou, comprou o que precisava, foi generosa e comprou para os outros [os amados], comeu, desenhou no muro, atravessou uma rua bem famosa, foi ao teatro e, pasmem (!!!), no meio de um dos dias corridos (de roteiro metodicamente criado, revisado e cumprido), ela sentou, ligou o ipod, venceu esse medo/nojo inacreditável de pombos, sacou o bloco de desenhos/rabiscos/poemas, recostou no banco e executou aquilo que nasceu pra fazer: escreveu. Para quem, pouco importa. Talvez ali, no lugar mais improvável, com um roteiro tão extenso para cumprir, ela conseguiu o que muitos procuram a vida toda: sentido. Eu tenho certeza que a [minha] Constance descobriu ali, sozinha, o porquê (ou porquês) da sua vida. Ela nasceu para escrever. Pra ela e pra gente. Eu sou o primeiro leitor. Azar o de vocês. Alguma sorte eu preciso ter na vida. Não sei o motivo daquela parada em Londres. Mas, foi fundamental. Pra toda a vida. Certamente será o lugar que a mulher irá revisitar mentalmente cada vez que ela se afastar do seu “sentido”. Quando fechar os olhos, vai lembrar que a vida que temos é sempre a melhor. Vai lembrar da saudade que sentiu dos seus pais e irmãos [queridos e amados], dos barulhos de casa (ela sentiu falta do barulho das chaves do Pai, pode ser mais fofa?), dos amigos dedicados e que sentiram saudades imensas, vai lembrar como é bom viajar, mas como é melhor ainda sentar no meio de Londres e lembrar que tem uma casa esperando por ela.

O mais legal da viagem foi receber a família [minha família também...risos]. Foi como um encerramento em grande estilo. O fim da viagem que modificou tudo, para sempre, com aqueles que são os mais amados, para sempre também. [Lembrando que eu também sou muito amado, mas já estava lá. Porque estou sempre com ela. Não se esqueçam. Não se esqueça!]. Foram dias maravilhosos. Dias de reencontro. Dias de mostrar como ela havia crescido. Acho que me orgulho muito dela. Foi a guia “mais bonita da cidade”. Sem dúvidas!

Preciso dizer que enganei a Constance. Ela não me procura tanto desde que voltou. Na verdade, eu existo para esses momentos de conflito. A vida da mulher vai seguindo um rumo desejado por ela, logo, não preciso me meter tanto. Mas, era fundamental dar um desfecho para esse projeto. Algo que foi tão fundamental [em nossas vidas], que consolidou e deixou marcas tão inapagáveis, não podia terminar com um post corrido no meio de um dia em Barcelona. Como a Constance é metódica até dizer chega [é quase um desabafo poder bradar isso aos quatro cantos de página], o encerramento que ela deve ter bolado e desbolado mil vezes seria algo grandioso na forma e no conteúdo. Contando cada detalhe. Como eu sou o [w]alter, faço tudo ao contrário. Penetro no submundo do pensamento, onde poucos [e bons] podem chegar e jogo tudo no ventilador. Tudo desconjuntado mesmo. Assim, em poucas mas fundamentais palavras eu faço um resumo de tudo: aeroporto, expectativa, medo, ansiedade, horas, chegada, cheiros, pessoas, cores, sons, alojamento, alô, “alô, tenho mais uma ficha, quer?”, Nebraska, limón granizado, museus, tinto de verano, ruas, ansiedade, medo, expectativas, choro, saudade, Ana, comida, mais comida, muita comida, Mc Donald`s, copos [aiii, Dircianeeee!], pechinchas, Carol, suecos, dinamarqueses, franceses, ingleses, aulas [já ia esquecendo, risos], professoras, Farida, Marrocos, Dom Quixote, C2, chinos, mais chinos, nossa (!) quantos chinos, calor, imagem e ação, skype [<3], casa, saudade, muita saudade, Julieta, Londres, café com creme, Beatles, ponte, Paris, mais pechincha, um pouco de Clara, Isabella, Marga, Irina, caixas de papelão, lagostas vivas, picnic, Barcelona, Ávila, Segóvia, Toledo, Toledo de novo, reencontro, choro, mais choro [muito choro], despedidas, amadurecimento, retorno, encontro, aeroporto, casa.

Eu sempre quis fazer um texto desses com um final exatamente assim, só com palavras soltas. A Constance nunca deixava. Hoje, eu enganei ela. Não farei mais isso. Aliás, hoje foi uma licença poética. Ela sempre terá coisas boas de mim. Afinal, ela já deixou muita coisa boa pra mim. E pra vocês também [seus ingratos]. Esse blog é uma delas. A viagem foi outra. Viajamos com ela. Me faço vocês, e agradeço. Obrigada, [minha] querida!

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